Em 1223, São Francisco de Assis criou em Greccio, na Itália, o primeiro presépio da história. Foi um presépio vivo, com moradores da pequena localidade representando o Menino Jesus na manjedoura, Nossa Senhora, São José, os Reis Magos, os pastores e os anjos. Os animais também eram reais: o boi, o burrico, as ovelhas.
Não demorou para que a piedosa iniciativa se espalhasse, transformando-se em costume natalino e dando origem aos presépios esculpidos, que se popularizaram nas igrejas por volta do século XVI por obra dos padres jesuítas.

O primeiro presépio aparece numa
lenda: na noite de 24 de dezembro de 1223, São Francisco de Assis organiza um
presépio vivo numa gruta da cidade italiana de Greccio, e a figura do menino
acaba se transformando no verdadeiro Jesus. Esse milagre foi plasmado por
Giotto no final do século XIII num dos afrescos mais famosos da história da
arte, que pode ser visto na Basílica de São Francisco de Assis.
Para o relato da história dos
presépios, recorremos à erudição de Antonio Basanta, vice-presidente e patrono
da Fundação Sánchez Ruipérez, mas, sobretudo, dono, com sua esposa, Teresa
Martín, de uma das maiores coleções do mundo, sendo que parte dela pode ser
vista atualmente na casa do Leitor do Matadero Madrid. A coleção Basanta-Martín
é formada por 25.000 peças e 4.000 conjuntos de presépios, todos realizados por
artesãos em atividade. “É um fenômeno universal, indissociável da cultura
espanhola”, diz Basanta, que acaba de publicar o ensaio Leer Contra La
Nada (ler contra o nada). “Para organizar seu presépio, São Francisco
tem que pedir uma autorização papal, porque Roma havia proibido essas cenas no
século XIII, já que elementos pagãos eram introduzidos através dos pastores.
Isso quer dizer que é um fenômeno que já existia antes.”
O presépio mais antigo da Espanha
está na Igreja de La Sang de Palma de Mallorca, datado de 1480, obra dos irmãos
Alamanno. De Múrcia até Nápoles, passando por Barcelona e pela Plaza Mayor de
Madri, os presépios ocupam um espaço enorme em nosso imaginário coletivo. Nas
ruas da cidade histórica de Nápoles, podemos comprar figuras de Berlusconi e
Maradona, santificadas, em certa medida, através de sua conversão em barro, e
nos mercados da Catalunha os famosos caganer – que, como
explica Basanta, provêm da Idade Média e simbolizam a fertilização da terra –
se encarnam nos personagens da temporada. Este ano, inevitavelmente, foram
vendidos todos os modelos de Puigdemont e Josep Lluís Trapero. De novo, o
celestial e o terrenal se fundem em festas que resumem uma parte importante do
longo e inesgotável caminho da relação humana com o divino. E deixamos de fora
Scrooge (personagem de Um Conto de Natal, de Charles Dickens) e os
fantasmas dos Natais presentes, passados e futuros, e as luzes, e o filme A
Felicidade Não Se Compra, e Simplesmente Amor...
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