(Oleniki/ Daldegan)[1]
No espaço escolar as interações
subsidiam a construção do conhecimento, que ao ser posto a serviço do educando
contribui para o seu desenvolvimento. Neste espaço elas realizam-se de
diferentes formas, especialmente por situações de aprendizagem, promovidas pelo
educador.
Quais são essas situações?
São as atividades em grupo,
pesquisas, produções, troca de idéias, apresentação de trabalhos, entrevistas,
interpretações, análises, comparações... que possibilitam desvendar o
desconhecido, dar significado aos fatos e às situações, superar barreiras,
vencer preconceitos.
Cabe ressaltar que essas situações de
aprendizagem devem favorecer o desenvolvimento das dimensões: afetiva, física,
intelectual, social e religiosa do educando, pois são essas dimensões que fazem
parte da vida, que ajudam as pessoas a interagirem umas com as outras e construírem
conhecimentos, como também a compreender o que é ser gente.
O Ensino Religioso trabalhará somente com a dimensão religiosa?
Consideram-se todas as dimensões em
vista da formação integral dos educando, mas enquanto área de conhecimento dará
maior ênfase à dimensão religiosa, contemplando:
·
A importância de conhecer a
diversidade religiosa;
·
Atualização do conhecimento religioso
presente em diferentes culturas e tradições religiosas;
·
A reflexão sobre a forma de expressão
e cultura religiosas do educando;
·
O diálogo com o diferente;
·
A leitura ou percepção do religioso
presente nas relações humanas, nos meios de comunicação social.
Todos esses
elementos resultam numa inter-relação que poderá promover o respeito à
diversidade, proporcionando aos educandos compreender as razões daquilo que é
significativo e importante para o outro e também para si. Esse trabalho será
efetivado por meio das situações de aprendizagem propostas pelo professor ou
pelo programa de Ensino Religioso oferecido pela escola.
E na prática, como é possível promover situações de aprendizagem que
levam o educando a conhecer e distinguir o que é significativo para o outro e
para si?
O professor, ao propor uma situação
de aprendizagem sobre o conhecimento de diferentes tradições religiosas, não
poderá perder de vista duas situações distintas: fechamento e abertura.
O fechamento acontece quando há uma imobilidade
por parte do educando diante do novo conhecimento, ou seja,quando não interage,
não envolve-se, coloca uma barreira que o impede de entender por que o outro
pensa,age, e manifesta-se religiosamente diferente.
A abertura acontece quando o educando se
permite conhecer o diferente, participando, do exercício para compreender por
que o outro pensa, age e manifesta-se religiosamente diferente, rompendo com o
seu ponto de vista e ampliando a sua visão.
As situações de aprendizagem precisam
promover a abertura para conhecer e dialogar com as diferentes tradições
religiosas. Para isso é preciso que tenham como princípio o conhecimento, com
uma abordagem informativo-formativa, e não a catequização ou doutrinação, que
privilegia uma determinada religião. Em outras palavras, essas situações de
aprendizagem precisam promover a interpretação, a decodificação e a reflexão do
conhecimento religioso, oportunizando o diálogo que não “coisifica”, mas que
possibilita o respeito ao outro em sua plenitude.
Diante de tal proposição podemos
dizer que as situações de aprendizagem no Ensino Religioso são instrumentos
para localizar, analisar, sistematizar e integrar o conhecimento, tecendo uma
teia que possibilite ao educando compreender o todo das partes e as partes do
todo, construindo o seu conhecimento, sem distanciar-se da sua identidade
religiosa.
Professor é preciso mudar esse
discurso!!!
Nesta nova concepção de ER você
mostra ao seu aluno que existem vários caminhos, meios para se chegar ao
Transcendente. Algumas pessoas caminham de um jeito, outras de outro, mas todos
buscam encontrar-se com o Transcendente. E mais, o aluno já traz consigo uma
identidade religiosa e na escola terá a oportunidade de conhecer que existem
outras manifestações e, ao mesmo tempo, as aulas serão um momento em que ele
irá sistematizar sua própria concepção sobre a tradição religiosa à qual
pertence.
Algumas questões
que as autoras propõem para refletir:
1.
Como vou orientar meu aluno sobre a
verdadeira religião?
2.
Como é que eu professor, vou
trabalhar com o Ensino Religioso nesta nova concepção se não possuo formação
adequada?
3.
E se os alunos perguntarem coisas que
eu, professor, não sei responder?
4.
Quais são as atividades ideais para
propor nas aulas de Ensino Religioso?
(Organização: Professora Maria José Torres Holmes)
Referências
FONAPER. Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Religioso- São
Paulo: Mundo Mirim, 2009.
______.Capacitação
para um novo milênio Caderno 12 de Estudos
Integrante do Curso de Extensão a distância de Ensino Religioso. Ano
2000.
FIGUERÊDO,Anísia de Paulo. Ensino
Religioso: perspectivas pedagógicas. 2. ed. Petrópolis – RJ. Vozes. 1995.
OLENIK, Marilac Loraine R., DALDEGAN, Viviane
Mayer. Encantar:uma prática pedagógica no ensino religioso. 2 ed.
Petrópolis: Vozes 2004.
OLIVEIRA, Lilian Blanck de et al. Ensino Religioso:
no Ensino Fundamental. São Paulo, SP: Cortez, 2
[1] -Autoras do
livro Encantar:uma
prática pedagógica no ensino religioso. 2 ed. Petrópolis: Vozes 2004, p. 14- 34
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