segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

TEXTO TRABALHADO NO CURSO DE EXTENSÃO EM ER 2017-UFPB




O Ensino Religioso e as situações de aprendizagem
                                           (Oleniki/ Daldegan)[1]

No espaço escolar as interações subsidiam a construção do conhecimento, que ao ser posto a serviço do educando contribui para o seu desenvolvimento. Neste espaço elas realizam-se de diferentes formas, especialmente por situações de aprendizagem, promovidas pelo educador.
Quais são essas situações?
São as atividades em grupo, pesquisas, produções, troca de idéias, apresentação de trabalhos, entrevistas, interpretações, análises, comparações... que possibilitam desvendar o desconhecido, dar significado aos fatos e às situações, superar barreiras, vencer preconceitos.
Cabe ressaltar que essas situações de aprendizagem devem favorecer o desenvolvimento das dimensões: afetiva, física, intelectual, social e religiosa do educando, pois são essas dimensões que fazem parte da vida, que ajudam as pessoas a interagirem umas com as outras e construírem conhecimentos, como também a compreender o que é ser gente.
O Ensino Religioso trabalhará somente com a dimensão religiosa?
Consideram-se todas as dimensões em vista da formação integral dos educando, mas enquanto área de conhecimento dará maior ênfase à dimensão religiosa, contemplando:
·         A importância de conhecer a diversidade religiosa;
·         Atualização do conhecimento religioso presente em diferentes culturas e tradições religiosas;
·         A reflexão sobre a forma de expressão e cultura religiosas do educando;
·         O diálogo com o diferente;
·         A leitura ou percepção do religioso presente nas relações humanas, nos meios de comunicação social.
Todos  esses elementos resultam numa inter-relação que poderá promover o respeito à diversidade, proporcionando aos educandos compreender as razões daquilo que é significativo e importante para o outro e também para si. Esse trabalho será efetivado por meio das situações de aprendizagem propostas pelo professor ou pelo programa de Ensino Religioso oferecido pela escola.
E na prática, como é possível promover situações de aprendizagem que levam o educando a conhecer e distinguir o que é significativo para o outro e para si?
O professor, ao propor uma situação de aprendizagem sobre o conhecimento de diferentes tradições religiosas, não poderá perder de vista duas situações distintas: fechamento e abertura.
O fechamento acontece quando há uma imobilidade por parte do educando diante do novo conhecimento, ou seja,quando não interage, não envolve-se, coloca uma barreira que o impede de entender por que o outro pensa,age, e manifesta-se religiosamente diferente.
A abertura acontece quando o educando se permite conhecer o diferente, participando, do exercício para compreender por que o outro pensa, age e manifesta-se religiosamente diferente, rompendo com o seu ponto de vista e ampliando a sua visão.
As situações de aprendizagem precisam promover a abertura para conhecer e dialogar com as diferentes tradições religiosas. Para isso é preciso que tenham como princípio o conhecimento, com uma abordagem informativo-formativa, e não a catequização ou doutrinação, que privilegia uma determinada religião. Em outras palavras, essas situações de aprendizagem precisam promover a interpretação, a decodificação e a reflexão do conhecimento religioso, oportunizando o diálogo que não “coisifica”, mas que possibilita o respeito ao outro em sua plenitude.
Diante de tal proposição podemos dizer que as situações de aprendizagem no Ensino Religioso são instrumentos para localizar, analisar, sistematizar e integrar o conhecimento, tecendo uma teia que possibilite ao educando compreender o todo das partes e as partes do todo, construindo o seu conhecimento, sem distanciar-se da sua identidade religiosa.
Professor é preciso mudar esse discurso!!!
Nesta nova concepção de ER você mostra ao seu aluno que existem vários caminhos, meios para se chegar ao Transcendente. Algumas pessoas caminham de um jeito, outras de outro, mas todos buscam encontrar-se com o Transcendente. E mais, o aluno já traz consigo uma identidade religiosa e na escola terá a oportunidade de conhecer que existem outras manifestações e, ao mesmo tempo, as aulas serão um momento em que ele irá sistematizar sua própria concepção sobre a tradição religiosa à qual pertence.

Algumas questões que as autoras propõem para refletir:
1.      Como vou orientar meu aluno sobre a verdadeira religião?
2.      Como é que eu professor, vou trabalhar com o Ensino Religioso nesta nova concepção se não possuo formação adequada?
3.      E se os alunos perguntarem coisas que eu, professor, não sei responder?
4.      Quais são as atividades ideais para propor nas aulas de Ensino Religioso?

Essas questões nos transportam para uma excelente reflexão!

(Organização: Professora Maria José Torres Holmes)


Referências

FONAPER. Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Religioso- São Paulo: Mundo Mirim, 2009.
______.Capacitação para um novo milênio Caderno 12 de Estudos Integrante do Curso de Extensão a distância de Ensino Religioso. Ano 2000.

FIGUERÊDO,Anísia de Paulo. Ensino Religioso: perspectivas pedagógicas. 2. ed. Petrópolis – RJ. Vozes. 1995.

OLENIK, Marilac Loraine R., DALDEGAN, Viviane Mayer. Encantar:uma prática pedagógica no ensino religioso. 2 ed. Petrópolis: Vozes 2004.

OLIVEIRA, Lilian Blanck de et al. Ensino Religioso: no Ensino Fundamental. São Paulo, SP: Cortez, 2






[1] -Autoras do livro Encantar:uma prática pedagógica no ensino religioso. 2 ed. Petrópolis: Vozes 2004, p. 14- 34

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