Sapato apertado (site: O Mundo Jovem)
Dinâmica para conversar sobre colocar-se no lugar do/a outro/a
Objetivo: compreender as nossas diferenças; coloca-se no lugar do outro.
Formar um círculo; tirar os sapatos; trocar o sapato do pé direito com o colega do lado.
Calçar os sapatos trocados, olhar para os pés calçados, andar pela sala, ocupar todos os espaços da sala andando no ritmo da música (mais lenta, mais rápida, correndo...).
Retomar o lugar inicial, sentar e destrocar os sapatos.
Fazer com o grupo a descrição da dinâmica passo a passo.
Conversar com o grupo sobre os sentimentos provocados, relacionando-os com o passo a passo da dinâmica (ficar descalço, trocar os sapatos, calçar o sapato do outro, olhar para os pés, andar e correr com o sapato do outro...)
- O que nos provocou estranhamento? Por quê?
- O que significou andar com o sapato do outro? Foi fácil/difícil?
- Como podemos relacionar isso com a nossa vida; com a dificuldade de colocar-se no lugar do outro; com nossas exigências e nossos preconceitos?
- Se todos somos diferentes, por que temos tanta dificuldade de conviver com diferenças?
Formar um círculo; tirar os sapatos; trocar o sapato do pé direito com o colega do lado.
Calçar os sapatos trocados, olhar para os pés calçados, andar pela sala, ocupar todos os espaços da sala andando no ritmo da música (mais lenta, mais rápida, correndo...).
Retomar o lugar inicial, sentar e destrocar os sapatos.
Fazer com o grupo a descrição da dinâmica passo a passo.
Conversar com o grupo sobre os sentimentos provocados, relacionando-os com o passo a passo da dinâmica (ficar descalço, trocar os sapatos, calçar o sapato do outro, olhar para os pés, andar e correr com o sapato do outro...)
- O que nos provocou estranhamento? Por quê?
- O que significou andar com o sapato do outro? Foi fácil/difícil?
- Como podemos relacionar isso com a nossa vida; com a dificuldade de colocar-se no lugar do outro; com nossas exigências e nossos preconceitos?
- Se todos somos diferentes, por que temos tanta dificuldade de conviver com diferenças?
ALTERIDADE – (Frei Betto)
O que é
alteridade?
É ser capaz de apreender o outro na plenitude da sua dignidade, dos
seus direitos e, sobretudo, da sua diferença. Quanto menos alteridade existe
nas relações pessoais e sociais, mais conflitos ocorrem.
A nossa
tendência é colonizar o outro, ou partir do princípio de que eu sei e ensino
para ele. Ele não sabe. Eu sei melhor e sei mais do que ele. Toda a estrutura
do ensino no Brasil, criticada pelo professor Paulo Freire, é fundada nessa
concepção. O professor ensina e o aluno aprende. É evidente que nós sabemos
algumas coisas e, aqueles que não foram à escola, sabem outras tantas, e graças
a essa complementação vivemos em sociedade. Como disse um operário num curso de
educação popular: "Sei que, como todo mundo, não sei muitas coisas".
Numa
sociedade como a brasileira em que o apartheid é tão arraigado, predomina a
concepção de que aqueles que fazem serviço braçal não sabem. No entanto, nós
que fomos formados como anjos barrocos da Bahia e de Minas, que só têm cabeça e
não têm corpo, não sabemos o que fazer das mãos. Passamos anos na escola,
saímos com Ph.D., porém não sabemos cozinhar, costurar, trocar uma tomada ou um
interruptor, identificar o defeito do automóvel... e nos consideramos eruditos.
E o que é pior, não temos equilíbrio emocional para lidar com as relações de
alteridade.
Daí por
que, agora, substituíram o Q.I. para o Q.E., o Quociente Intelectual para o
Quociente Emocional. Por quê? Porque as empresas estão constatando que há,
entre seus altos funcionários, uns meninões infantilizados, que não conseguem
lidar com o conflito, discutir com o colega de trabalho, receber uma
advertência do chefe e, muito menos, fazer uma crítica ao chefe.
Bem, nem
precisamos falar de empresa. Basta conferir na relação entre casais. Haja
reações infantis...
Quem dera
fosse levada à prática a idéia de, pelo menos a cada três meses, um setor da
empresa fazer uma avaliação, dentro da metodologia de crítica e autocrítica. E
que ninguém ficasse isento dessa avaliação. Como Jesus um dia fez, ao reunir um
grupo dos doze e perguntar: "O que o povo pensa de mim?" E depois
acrescentou: "E o que vocês pensam de mim?"
Quem, na
cultura ocidental, melhor enfatizou a radical dignidade de cada ser humano,
inclusive a sacralidade, foi Jesus. O sujeito pode ser paralítico, cego,
imbecil, inútil, pecador, mas ele é templo vivo de Deus, é imagem e semelhança
de Deus. Isso é uma herança da tradição hebraica. Todo ser humano, dentro da
perspectiva judaica ou cristã, é dotado de dignidade pelo simples fato de ser
vivo. Não só o ser humano, todo o Universo. Paulo, na Epístola aos Romanos,
assinala: "Toda a Criação geme em dores de parto por sua redenção".
Dentro
desse quadro, o desafio que se coloca para nós é como transformar essas cinco
instituições pilares da sociedade em que vivemos: família, escola, Estado (o
espaço do poder público, da administração pública), Igreja (os espaços
religiosos) e trabalho. Como torná-los comunidades de resgate da cidadania e de
exercício da alteridade democrática? O desafio é transformar essas instituições
naquilo que elas deveriam ser sempre: comunidades. E comunidades de alteridade.
Aqui
entra a perspectiva da generosidade. Só existe generosidade na medida em que
percebo o outro como outro e a diferença do outro em relação a mim. Então sou
capaz de entrar em relação com ele pela única via possível – porque, se tirar
essa via, caio no colonialismo, vou querer ser como ele ou que ele seja como
sou - a via do amor, se quisermos usar uma expressão evangélica; a via do
respeito, se quisermos usar uma expressão ética; a via do reconhecimento dos
seus direitos, se quisermos usar uma expressão jurídica; a via do resgate do
realce da sua dignidade como ser humano, se quisermos usar uma expressão moral.
Ou seja, isso supõe a via mais curta da comunicação humana, que é o diálogo e a
capacidade de entender o outro a partir da sua experiência de vida e da sua
interioridade.
Frei
Betto é escritor, autor de "Alfabetto - autobiografia escolar"
(Ática), entre outros livros.
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